Privacidade?

Enviaram-me hoje um email, que continha uma crónica da Clara Pinto Correia na qual ela contava a história de como, em dez minutos numa sucursal de um banco português, ela conseguiu ter acesso à vida privada do filho, sabendo onde estava, a fazer o quê e há quanto tempo. Fê-lo a pedido do filho, que lhe ligou perguntando o que se passava com o seu cartão de crédito, pois estava, segundo ele, em Madrid e o cartão tinha deixado de funcionar. Clara, como qualquer mãe preocupada, dirigiu-se ao seu banco e foi ver o que se passava, tendo aí conhecimento de que o filho se encontrava em Portimão e não em Espanha, na companhia de uma rapariga (pois havia registo de uma compra de um bikini brasileiro) e sabia até onde tinham jantado e onde estavam alojados.

Isto leva-me a pensar, como já várias vezes me tinha ocorrido, na facilidade que um gajo qualquer, perigoso ou não, mas não interessa muito aqui para o caso, tem de aceder aos nossos dados e controlar a nossa vida. O facto de haver câmaras de vigilância em tudo o que é sítio é muito bom, porque “nos mantém seguros”. Mas manterá mesmo?? Será que, a menos que sejamos assassinados no meio duma loja de roupa, alguém vai ver os registos das câmaras, para ver quem levou uns óculos de sol esquecidos num provador? Digo por experiência própria que não. Mas ao mesmo tempo que temos esta alegada segurança, a faca tem outro lado, o lado em que somos constantemente controlados por alguém, que consegue ver-nos, saber onde estamos, com quem estamos e a fazer o quê. É claro que parte de nós não mentirmos, como o filho da Clara Pinto Correia mentiu e não andarmos a fazer parvoíces, sejam elas de que calibre forem, em locais públicos ou vigilados.

Porém, se começarem a reparar, todos os locais onde estamos, excepto talvez a nossa casa, está dotado com câmaras, para a nossa segurança claro! Nos autocarros, no metro, na faculdade, nos bancos, no supermercado e com um bocado de sorte, até no jardim onde costumamos ir, ou na praia, há uma câmara longe que nos consegue captar. Isto sem pensar no vizinho sinistro que poderá obviamente ter uma câmara apontada para a nossa casa. Mas isso já entra nas patologias, ou nossa por pensarmos nisso, ou dele por ter a dita câmara. Além do mais não é provável que isso aconteça. A minha questão foi só mesmo até que ponto estaremos seguros vivendo neste big brother de escala global, e até que ponto estamos contentes com isso. Será que, no final, este sistema tem a eficácia alegada pelos responsáveis? Até que me provem em contrário, eu continuo a achar que só em infimos casos. Sei que são precisas, mas serão necessárias em tanto local? Não sei…

4 Respostas to “Privacidade?”

  1. no dia em que as salas de aula da ESE tiverem câmaras bato em alguem!!
    muito menos a SALA da TUNA!!! aquela sala ja assistiu a mais coisas q nos as duas juntas no resto das nossas vidas!!
    mas lá está, se as coisas estivessem gravadas já se sabia quem era o culpado pelo roubo do dinheiro na gaveta o ano passado e tinha sido mais facil identificar os autores da brincadeira deste ano do cenoura! (eu achei piada, pronto)
    é um pau de dois bicos, meu amor!

  2. toca a escrever, parvalhona!

  3. Tenho a noção que existe, mas como é so para a nossa segurança, ninguém os vê on a regular basis.

    E portanto não me sinto assim tão observada quanto isso 🙂

  4. Odeio estes smiles anormais

Deixe uma resposta para sofia polskateira Cancelar resposta